Israel ataca Gaza com força após Hamas voltar a rejeitar proposta de tréguas

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Mahmoud Issa - Reuters

Pelo menos meia centena de pessoas morreram esta sexta-feira em ataques israelitas, um dia depois de o Hamas ter voltado a rejeitar uma proposta do Estado hebraico para um cessar-fogo em Gaza. O grupo armado reiterou que não aceitará um acordo "parcial" que não garanta o fim da guerra ou a retirada das tropas israelitas do enclave.

Pelo menos 50 pessoas morreram em ataques israelitas esta sexta-feira, segundo fontes médicas em Gaza, citadas pela Al Jazeera. Mais da metade das mortes ocorreram na Cidade de Gaza e no norte de Gaza, mas os ataques ocorreram em todo o enclave palestiniano, incluindo Khan Younis e Rafah, no sul.

Uma família de dez pessoas foi morta após o exército israelita ter bombardeado uma casa em Bani Suheila, a leste de Khan Younis, no sul de Gaza.

Os ataques surgem um dia depois de o Hamas ter rejeitado a última proposta israelita para um cessar-fogo.

O principal negociador do Hamas, Khalil al-Hayya, anunciou na quinta-feira que o movimento se opunha a um acordo "parcial", acusando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de apresentar uma proposta que “estabelece condições impossíveis para um acordo que não leve ao fim da guerra ou à retirada total” das tropas israelitas de Gaza.

A mais recente proposta de acordo de Israel previa a libertação de dez reféns israelitas vivos em troca de uma trégua de 45 dias e a libertação de prisioneiros palestinianos detidos por Israel, sob a promessa de mais discussões sobre o fim da guerra e a restauração da entrada de ajuda humanitária a Gaza.

As discussões estão num impasse, em particular, devido à questão do desarmamento do Hamas e de outros grupos armados em Gaza - uma exigência de Israel para pôr fim à guerra, mas que o movimento palestiniano estabeleceu como uma "linha vermelha não negociável".

Khalil al-Hayya disse que o Hamas não estava mais disposto a aceitar “acordos parciais
como cobertura para a sua agenda política, que se baseia na continuação da guerra de extermínio e fome”. O responsável disse, por sua vez, que o grupo palestiniano estava pronto para concordar com um "pacote abrangente" que garanta a libertação de todos os reféns, em troca de um número acordado de prisioneiros palestinianos mantidos por Israel.
Israel ameaça “abrir as portas do inferno”
Após a rejeição do acordo pelo Hamas, o ministro das Finanças de extrema-direita de Netanyahu, Bezalel Smotrich, disse que era hora de "abrir as portas do inferno" em Gaza.

No início desta semana, o ministro israelita da Defesa, Israel Katz, também tinha prometido intensificar o conflito com "força tremenda" se o Hamas não devolvesse os reféns.

A Casa Branca também criticou o Hamas por rejeitar o acordo oferecido por Israel, acusando o Hamas de “não estar interessadosna paz, mas sim na violência perpétua”.

“Os termos estipulados pelo governo Trump não mudaram: libertar os reféns ou enfrentar o inferno”, avisou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, James Hewitt. O acordo de tréguas inicial foi quebrado a 18 de março por Israel, que acusou o Hamas de ter não estar a cumprir a sua parte do acordo.

Desde então, Israel e o Hamas estão num impasse, não chegando a um entendimento sobre como prosseguir o acordo de tréguas, cuja primeira fase terminou a 1 de março.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, pelo menos 1.691 palestinianos foram mortos desde 18 de março, elevando para 51.065 o número de mortos em Gaza desde o início da ofensiva, há 18 meses.

Das 251 pessoas raptadas no ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, 58 ainda estão ainda detidas em Gaza, 34 das quais estão mortas, segundo o exército israelita.

c/agências
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